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Cap.1 - Introdução

 

Quando se principia a abordagem dos problemas relacionados com o desenvolvimento da agricultura de regadio há  dois factores principais que têm que ser tomados em conta - O clima e o solo.  

A rega, é uma prática usada em agricultura com a finalidade de complementar as deficiências do clima duma dada região, em função do balanço negativo que se verifica entre o fornecimento de  água por precipitação e o poder evaporante da atmosfera.

Para se tentar perceber melhor as relações entre a rega e o clima devem ser analisados os efeitos conjugados destes dois factores no balanço hídrico das culturas.

Assim, durante a época das chuvas, o solo serve como sistema de armazenamento de uma dada fracção da  água fornecida, a qual se pode manter durante um período mais ou menos extenso, dadas as condições de elevado teor de humidade na atmosfera que o rodeia, e desta se encontrar bastante nublada, o que motiva um poder evaporante normalmente baixo.

Quando a chuva cessa, o poder evaporante da atmosfera aumenta, o que ocasiona uma subida dos valores da  água perdida pelas plantas e pela superfície do solo - evapotranspiração.

Nestas condições, este factor torna-se dominante, o que ocasiona que os teores de  água armazenados no solo, durante a época das chuvas, comecem a baixar, podendo atingir valores críticos que provoquem reduções drásticas nas produções das culturas. Para tentar evitar esta situação, torna-se necessário fornecer, por um processo artificial, a  água considerada suficiente para anular o balanço negativo entre a precipitação e a evapotranspiração.

Deduz-se assim, que as necessidades de rega estão intimamente dependentes, por um lado, do clima da região, nomeadamente através dos factores precipitação e poder evaporante da atmosfera, e consequentemente, da sua influência no balanço hídrico das culturas, por outro lado, das características físicas do solo, nomeadamente no que respeita à sua capacidade de armazenamento.

No sentido de tentar relacionar a precipitação com o poder evaporante da atmosfera que, como se depreende, são processos antagónicos, têm sido propostos por vários autores, nomeadamente THORNTWAIT 1948 e KOPPEN 1936, índices que combinem os efeitos destes factores, de modo a que, a partir deles, se possa caracterizar o clima. Estes índices têm sido largamente utilizados, um pouco por todo o mundo, para classificar os climas de acordo com o seu grau de aridez, contudo, a informação que eles contêm é mais de natureza qualitativa, pelo que a sua utilidade em termos de informação para o regante é reduzida.

Tendo em conta estes dois factores, o clima é normalmente classificado em quatro grandes categorias com incidência diferenciada e crescente ao nível das necessidades em rega, conforme se trate de climas húmidos, sub-húmidos, semi-áridos ou áridos.

Nos climas húmidos, as necessidades de rega são escassas e têm uma função apenas de complemento, já  nos climas áridos a rega é fundamental para o desenvolvimento das culturas, estando inteiramente dependente dela. Por outro lado, e intimamente relacionado com as necessidades de rega, estão as necessidades em drenagem, embora por razões diferentes.

Nos climas húmidos a drenagem é indispensável como processo para extrair do solo os excessos de  água provenientes da precipitação, enquanto nos climas áridos, a sua função é bem distinta, pois ela destina-se essencialmente a controlar os níveis de salinidade no solo provocados pela acumulação de sais na zona radicular, motivada pelo alto poder evaporante da atmosfera, pela falta de lavagem dos solos, dada a reduzida queda pluviométrica, em  qualidade da  água de rega.

No sentido de chamar a atenção para a influência que o clima tem nas necessidades de rega duma dada região e para as dificuldades crescentes que se colocam à utilização da água para a agricultura, dada a crescente competição dessa mesma  água por diferentes utilizadores, nomeadamente a indústria e o saneamento básico, abordar-se-ão de seguida, se bem que sumariamente, alguns dos problemas que devem ser tidos em conta por técnicos e agricultores ligados à rega.

ÍNDICE

1 - INTRODUÇÃO.. 2

1.1 - Considerações Gerais. 2

1.2 - Competição pela Água. 3

1.3 - A Importância da Rega na Produção. 7

1.4 - Necessidades em água. 8

1.5 - Rega de Complemento em Zonas Húmidas ou Subhúmidas. 11

1.6 - Rega em Zonas Áridas. 11

1.7 - Rega com Caudais Limitados. 12

1.8 - Outros Benefícios da Rega. 12

1.9 – As Alterações Climáticas  13