Cap.10.4 - Rega Localizada
10.4.1 - Introdução
A rega localizada, é assim designada, por, ao contrário da rega até agora abordada nos pontos anteriores, aplicar a água numa fracção da superfície ocupada pelo sistema de rega, ou seja, humedecer apenas uma área parcial.
Normalmente cai dentro desta classificação a rega feita com microaspersores, que, embora com funcionamento similar aos aspersores, o raio de alcance do jacto é muito mais pequeno – rega por microaspersão – (Fig.10.4.1-centro) e a designada - rega gota-a-gota -, assim chamada por ser um método que aplica a água de rega de uma forma lenta e pontual (localizada sob a forma de gotas), em locais previamente fixados e por intermédio de emissores, também vulgarmente designados por - gotejadores - uniformemente distribuídos ao longo dos ramais laterais com uma configuração similar aos analisados no ponto anterior (Fig.10.4.1-esquerda).
Figura 10.4.1 – Exemplos de rega localizada
A água é aplicada ao solo por intermédio de emissores funcionando a baixas pressões, da ordem dos 20 - 200 kPa e dimensionados para pequenos caudais, normalmente entre 2 - 12 L/h.
Os gotejadores são concebidos para funcionarem como instrumentos dissipadores da energia do ramal lateral. A dissipação de energia pode ser assegurada por vários meios, entre os quais se podem referir os orifícios, os labirintos, os tubos auxiliares, os vórtices, etc. Conforme o meio de dissipação de energia utilizado, assim é o tipo de gotejador.
Os gotejadores podem estar inseridos directamente no lateral, ou em pequenos ramais derivados deste. Estão normalmente colocados sobre a superfície do solo, podendo, contudo, estar também enterrados a pequena profundidade – rega subterrânea - (Fig.10.4.1-direita), ou suspensos a pequena altura acima do solo.
A água saída do gotejador vai distribuir-se no solo à volta daquele, de acordo com um determinado padrão de humedecimento (Fig.10.4.2), função das características hidráulicas do solo.
Figura 10.4.2 – Padrões de humedecimento típicos a partir de um emissor
Assim, se o afastamento entre gotejadores for grande a zona humedecida é apenas pontual, contudo, se o afastamento for menor, a zona humedecida pode tomar a forma de uma faixa, tal como mostra a Fig.10.4.3.
Nestas condições, o conhecimento das características do solo, nomeadamente a profundidade e distribuição do raízame, ajudarão a definir o afastamento entre gotejadores, ou, no caso de pomares, a necessidade de um maior número de gotejadores por árvore, a fim de que a zona explorada pelas raízes possa ser convenientemente abastecida.
A rega localizada está hoje em dia largamente espalhada um pouco por todo o mundo, beneficiando as culturas mais variadas, contudo, a sua maior expansão verifica-se em culturas de alto rendimento, como sejam a arboricultura, a horticultura e algumas horto-industriais, floricultura, viveiros, culturas em estufa, etc.
Figura 10.4.3 – Influência do afastamento dos emissores na zona humedecida
(de BISCONER 2010)
Nos pontos subsequentes analisar-se-ão alguns dos parâmetros mais importantes que permitirão ao técnico de rega avaliar e projectar um sistema de rega com aplicação localizada. Esta análise será essencialmente feita com base em publicações clássicas, entre as quais se podem citar BAARS 1976, GILAAD 1977, GOLGBERG et al 1976, DASBERG e BRESLER 1985, HOWELL et al 1981, LOPEZ et al 1992, KELLER e BLIESNER 1994, KELLER e KARMELLI 1975, LAMN e CAMP 2007, MERKLEY e ALLEN 2004, NAKAYAMA e BUCKS 1986, RAPOSO 1994, S.C.S 1984, VERMEIREN e JOBLING 1980, VESCHAMBRE e VAYSSE 1979.
ÍNDICE
10.4 - REGA LOCALIZADA
10.4.1 - Introdução
10.4.2 - Aplicabilidade
10.4.3 - Vantagens
10.4.4 - Limitações
10.4.5 - Componentes do Sistema de Rega
10.4.5.1 - Considerações Gerais
10.4.5.2 – Gotejadores
10.4.5.2.1 – Considerações gerais
10.4.5.2.2 – Características gerais dos emissores
10.4.5.2.2.1 – Caudal vs pressão
10.4.5.2.2.2 – Coeficiente de variação
10.4.5.2.2.3 – Uniformidade de emissão no campo
10.4.5.2.2.4 – Influência da temperatura
10.4.5.2.2.5 – Critérios de selecção dos emissores
10.4.5.2.3 – Tubagens
10.4.5.2.4 – Reguladores de pressão e válvulas
10.4.5.2.5 – Hidrantes
10.4.5.2.6 – Outros acessórios
10.4.5.2.7 – Cabeçal de rega
10.4.6 – Critérios de dimensionamento
10.4.6.1 - Introdução
10.4.6.2 - Padrão de Distribuição da Água no Solo
10.4.6.3 - Necessidades em Água
10.4.6.4 - Programação da Rega
10.4.6.4.1 - Considerações gerais
10.4.6.4.2 - Controlo da rega
10.4.7 - Dimensionamento hidráulico
10.4.7.1 - Considerações Gerais
10.4.7.2 - Ramais laterais
10.4.7.2.1 - Selecção. Espaçamento e Dimensionamento dos Gotejadores
10.4.7.2.1.1 – Considerações gerais
10.4.7.2.1.2 – Percentagem da área humedecida
10.4.7.2.1.3 – Área humedecida
10.4.7.2.1.4 - Aplicação numérica
10.4.7.2.1.4 – Caudal do gotejador
10.4.7.2.1.5 – Tempo de rega
10.4.7.2.1.6 – Número de turnos de rega
10.4.7.2.1.7 – Dose de rega
10.4.7.2.1.8 - Pressão média de funcionamento
10.4.7.2.1.9 - Uniformidade de emissão - UE
10.4.7.2.1.10 - Variação de pressão ao longo do lateral
10.4.7.2.1.11 - Aplicação Numérica
10.4.7.2.2 - Dimensionamento hidráulico dos ramais laterais
10.4.7.2.2.1 - Considerações gerais
10.4.7.2.2.2 - Aspectos hidráulicos
10.4.7.2.2.2.1 - Introdução
10.4.7.2.2.3 - Dimensionamento dos Ramais
10.4.7.2.2.3.1 - Dimensionamento analítico
10.4.7.2.2.3.2 – Um único lateral
10.4.7.2.2.3.3 - Par de laterais
10.4.7.2.2.3.4 – Pressão na entrada dos laterais
10.4.7.2.2.3.5 – Pressão mínima
10.4.7.2.2.3.6 – Solução prática
10.4.7.2.2.3.7 - Aplicação numérica
10.4.7.3 - Rede Secundária
10.4.7.3.1 - Introdução
10.4.7.3.2 – Características gerais da rede secundária
10.4.7.3.3 - Variação de pressão ao longo da linha secundária
10.4.7.3.4 – Determinação da origem do par de secundárias
10.4.7.3.5 – Determinação da pressão na origem do par de secundárias
10.4.7.3.6 – Determinação da perda de carga pelo método gráfico
10.4.7.3.7 – Variação de pressão
10.4.7.3.8 – Dimensionamento da linha secundária
10.4.7.3.8.1 - Introdução
10.4.7.3.8.2 – Método gráfico
10.4.7.3.8.3 – Método numérico
10.4.7.3.8.4 - Aplicação Numérica
10.4.7.4 - Rede Primária
10.4.7.4.1 - Aplicação numérica
10.4.8 – Rega por microaspersão
10.4.8.1 - Considerações gerais
10.4.8.2 - Vantagens e inconvenientes
10.4.8.3 - Emissores
10.4.8.4 – Padrão de humedecimento
10.4.8.5 – Pluviometria
10.4.8.6 - Variação de pressão e uniformidade de aplicação ao longo lateral
10.4.8.7 – Dimensionamento
10.4.8.8 – Aplicação numérica
10.4.9 – Rega subterrânea localizada
10.4.9.1 – Introdução
10.4.9.2 - Vantagens e inconvenientes
10.4.9.3 – Adaptabilidade
10.4.9.4 - Monitorização e controlo
10.4.9.5 – Componentes do sistema
10.4.9.6 – Montagem
10.4.10 - Manutenção e Exploração
10.4.11 - Considerações Finais